quinta-feira, 8 de outubro de 2009

flutuo

Sai de casa no seu melhor. Discreta, tranquila, bonita, com um sorriso agradável. Um passo certo, descontraída balança o corpo sem o entoar. Sabe-lhe bem esta sensação. Procura esconder a mudança dos seus olhos, não pensa no que está a ser transformado apenas ignora, ignora e apoia como se de nada importante para ela fosse. Não era com ela. Sempre viu as coisas pretas e brancas. Não existiu um meio-termo. Sente o coração a disparar e pensa que é pura estupidez, adrenalina. Já mais pusera a hipótese de ser algo mais que isso. E é verdade, para ela não passa de teimosia.Passa os corredores, desce as escadas, sai para a rua e passa a porta principal como se fosse entrar num palácio. Projecta o seu olhar para o vazio como se não lhe importa-se o que se passa à sua volta. Passa a multidão encontra o seu lugar, pega no seu cigarro, o fiel, puxa-o para a boca segura com os lábios e acende-o com pressa. Sentiu, sentiu o primeiro trago, a primeira passa que deu, acalmou-se relaxou, sorriu e continua a sua conversa. Passa a mão no cabelo e gira discretamente o corpo enquanto dá uma gargalhada, queria avista-lo. Acabou o tempo, apagou o cigarro, o passo tornou-se mais lento e o sorriso menos aberto já a conversa continua. Sente a presença dele, a tensão nasce. Ri, brinca, o passo mais seguro e as pernas mais tremules. Passa o corredor de uma ponta a outra, para à porta e diz, bom dia, entra e senta-se. Já não pensa mais naquele momento glorioso, apagou-se da memória, ela simplesmente não pensa nisso, é tudo teimosia. E já mais será posto em causa que disso não passará.

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