segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Baú

O tempo traz a saudade, apaga o mau e vinca o bom. O tempo traz às recordações a mesma beleza que as estrelas trazem ao céu. O tempo faz encontrar a força da lembrança de um fim de tarde chuvoso. A janela fechada, a chuva leve a bater, as vozes, o calor do corpo, a intensidade do sentimento. O bater do coração, o balançar do cabelo, os lábios pouco abertos. O abraço quente, aconchegante, carinhoso. Aquele abraço que mostra o que mais ninguém consegue ver. Aquele abraço que não chega para amarrar a imensidão do momento mas basta para mostrar tudo o que é importante para alguém. Pessoas, como será possível, pessoas serem tão fortes, tão grandes, tão importantes. Momentos eternos, segundos escassos, horas lentas. Contradições, sensações, emoções. Tudo isto perdido. Tudo por guardar num baú ainda aberto. Baú que não está fechado muito menos arrumado. Este baú que deveria estar guardado no sótão das recordações, fechado a sete chaves. Este baú que só deveria ser aberto quando se partilha momentos eternos, segundos escassos e horas lentas. Nunca esses momentos, segundo e horas deveria passear pelos corredores da vida, a esconderem-se de quem os quer apanhar, a invadirem todos os espaços onde estamos. Nunca deveriam semear esperança, mas acolher a saudade no passado mantendo a distância do presente.

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